Tanto Trancoso quanto Arraial D’Ajuda fazem parte de Porto Seguro, sendo considerados distritos da cidade, algo que só descobrimos chegando lá.
Essa região do Sul da Bahia tem estradas bastante irregulares, com muitas subidas e descidas bem longas, e com a gasolina mais cara do Brasil na época em que estávamos por lá, o Vicente (nosso Fiesta 1.0) bebeu como um veterano de botecos cariocas.
Saindo de Trancoso, foram apenas 40 minutos até chegar a Arraial. A gente não tinha lugar para ficar, não achamos campings no iOverlander ou no Booking, e nossa primeira opção foi um estacionamento público que muitos motorhomes usavam como camping. Ficava bem no centro da cidade, do lado de um circo, e com um banheiro público que custava 2 reais para usar. Não era algo muito bonito, por assim dizer, e resolvemos dar um giro pela cidade buscando algum lugar para passar a noite.
Nossa estratégia sempre foi ficar em postos de gasolina em cidades de passagem e campings nas cidades que iríamos conhecer, mas o Nordeste não tem uma boa infraestrutura de campings. Por fim, a gente descobriu um lugar chamado Camping da Lu, onde chamamos incessantemente sem sucesso, e quando estávamos próximos de desistir, achamos o Oxe Uai Hostel e decidimos perguntar se eles nos permitiam ficar no quintal e dormir no carro como um camping. Usaríamos apenas o banheiro e cozinha, graças às habilidades sociais da Carlinha, a gente tinha onde dormir.
Nossas primeiras impressões de Arraial foram: um lugar bem maior que Trancoso, muito mais barato e com uma vibe incrível. Rolê pelo Centro, ver artesanatos (a Carlinha ama!), tomar uma cerveja escutando Raça Negra no Bar da Broduei, e assim finalizamos nosso primeiro dia em Arraial.
Em questão de praias, Arraial se assemelha muito com Trancoso, alguns lugares têm muitas pedras, então é bom tomar cuidado por onde mergulha, principalmente em maré alta. As praias são lindas, água quentinha como o Nordeste promete, embora a Carlinha tenha reclamado da temperatura, mas era inverno e para quem está acostumado com Rio de Janeiro, aquela água era quase a de um ofurô.
O que mais nos marca numa viagem não são os lugares, mas sim as pessoas que conhecemos no caminho, e nesse quesito, Arraial nos apresentou uma galera muito irada. Conhecemos o Max, um Australiano que estava viajando por toda a América do Sul, trocando trabalho por hospedagem e dando aulas de surf, algo que, segundo ele, é tão intrínseco nos Australianos quanto o futebol é para os Brasileiros. Ele amava uma erva e inúmeras vezes ressaltou o quanto a nossa erva era ruim… rs. Conhecemos mineiros, uruguaios, paulistas, pessoas que estavam de passagem, residentes. Fomos convidados até para uma aula de dança, e essa é uma das razões pelas quais nós amamos ficar em hostels: a troca de experiências e o senso de comunidade são imensos.
Mais um rolê pela orla, conhecemos as praias da Pitinga, Pescadores e Coqueiros, todas lindas e uma do lado da outra. Estávamos encantados com o que o Sul da Bahia tinha nos apresentado até agora, e tão rápido como chegamos, já estávamos prontos para o próximo destino: Porto Seguro. Foi hora de dizer adeus e obrigado a todos que conhecemos na cidade. O pessoal do hostel foi tão gentil, e cada encontro com viajantes com uma vibe positiva nos renovava e dava energia para seguir pelos mais de 4000 km que ainda iríamos percorrer.
O Vicente estava pronto para pegar a sua primeira balsa da viagem pelo rio Buranhém, por um custo de 20 reais, e 10 minutos depois desembarcaríamos onde os Portugueses aportaram o Brasil pela primeira vez oficialmente: Porto Seguro. Mas isso é história para o próximo post.