A incrível experiência de ver baleias na Bahia
Acordamos às 06h e praticamente não dormimos (e não foi por conta da ansiedade). Nosso carro foi atacado por mosquitos durante toda a noite anterior, parecia um episódio de “Largados e Pelados”, mas sobrevivemos, pois o que interessava é que era dia de realizar um grande sonho: poder ver as baleias Jubarte de perto.
Nosso roteiro e planejamento foi montado a partir da época de migração e acasalamento delas, que chegam da Antártica para o arquipélago de Abrolhos na Bahia, onde as águas são quentes e ajudam na reprodução.
Ano passado na Argentina, nós perdemos a temporada de baleias por 15 dias e dessa vez nos preparamos!
A gente foi recebido pela tripulação da empresa Horizonte Aberto que nos guiou durante todo o trajeto com muita cordialidade.
Começamos a navegação bem cedo ainda no rio com águas turvas e mais barrentas. Conforme o tempo passa, as águas do rio são invadidas pelas do mar e a cor e cenário mudam. Mar aberto à frente e atenção total em todos os detalhes!
São 3h de navegação até o arquipélago e a promessa é de avistamento durante o percurso de ida e de volta, mas não há garantias, afinal a natureza tem sua própria agenda e nós somos meros espectadores.
Nossos companheiros de viagem, cerca de 20 pessoas, se dividiam em cada pedaço do barco e de tempos em tempos alguém gritava chamando atenção de todos achando que tinha avistado alguma baleia, mas era alarme falso. Até que então a primeira baleia nos presenteou com sua presença majestosa, mesmo que ainda distante e discreta a emoção e adrenalina que correu por nossos corpos foi indescritível. Olhamos um para o outro, nos comunicando por entrelinhas, sabendo que um sonho estava sendo realizado diante dos nossos olhos… mais uma conexão estava sendo criada entre nós e era só o começo.
Até a chegada no arquipélago ainda avistamos mais algumas baleias – todas a meia distância – estávamos felizes, porém ainda com uma expectativa enorme de que poderíamos vê-las mais de perto, obviamente sem incomodá-las ou nos intrometer em seu ecossistema.
Uma pausa para adentrar ao paraíso
A gente embarca nessa aventura para ver baleias, obviamente, mas só o arquipélago de Abrolhos por si só já vale o passeio.
São cinco ilhas que formam o arquipélago e o Parque Nacional Marinho, sob jurisdição da Marinha do Brasil e lar de diversas aves, sendo os Atobás, os principais residentes, e uma grande diversidade de fauna marinha, com inúmeras espécies de peixes, moluscos, corais, esponjas, tartarugas marinhas e vegetação que apresenta plantas suculentas, gramínea, arbustos e cactos.
Chegamos e fomos recepcionados por um casal de tartarugas, que foi bem rápido em se esconder ao ver movimentação humana por ali, e fizemos também uma trilha pela única ilha em que era permitido desembarcar, com o auxílio de um biólogo que nos deu uma pequena aula sobre a fauna local. Voltamos ao barco para um mergulho em uma água de azul penetrante e límpido como poucas vezes vimos.
Nadamos, rimos, conversamos, gravamos, fotografamos e, principalmente, nos conectamos com um lugar surreal, com pouca intervenção humana e uma energia incrível que nos trouxe uma paz interna, aquela sensação de estar no caminho certo.
Conforme a tarde foi adentrando fomos chamados ao barco para um almoço maravilhoso feito pela tripulação em uma cozinha 2mx2m, era a única coisa que faltava naquele momento e de repente não faltava mais. rs
Voltando ao mar em busca do que viemos procurar
De barriga cheia agora era hora de voltar ao mar rumo à Caravelas e continuar nossa busca por mais baleias. Logo após sairmos de Abrolhos já conseguimos avistar um grupo, e toda vez que isso acontecia, o capitão ia até uma distância segura e desligava o barco para não assustar ou incomodar nossas amigas. Cada vez se sentiram mais à vontade para se aproximar, o que transformou um passeio maravilhoso em mágico, quando fomos rodeados por elas que hora circulavam o barco fazendo com que todos corressem de um lado para outro para presenciar o momento, hora mexiam suas nadadeiras ou caudas em uma espécie de saudação.
A sensação que tivemos foi que elas estavam se exibindo e sabiam disso, fizeram um show para gente até com incríveis saltos que Carla, fotógrafa sagaz que é, captou com as lentes do nosso celular.
Infelizmente nós ficamos receosos de levar nossas câmeras e ficamos dependentes do celular para registrar, algo que nos arrependemos no minuto que subimos no barco, mesmo assim tivemos registros lindos.
Um pôr-do-sol à altura
Terminado o show era hora de voltar para casa e tinha um longo caminho até lá! Fomos presentados com um pôr-do-sol fantástico que vimos sentados na parte de trás do barco, abraçados em um momento único em nossas vidas, naquele momento nos sentimos infinitos e completos e recomendamos a todos que experimentem esse passeio pelo menos uma vez na vida.